terça-feira, 15 de setembro de 2009

Patrick Swayze

Em alguns filmes, eu gostava mais dos vilões do que dos mocinhos. Em "Ghost - Do outro lado da vida" era assim: o amigo do protagonista era lindo (mas não valia nada). Em "Dirty Dancing - Ritmo Quente" não havia claramente o bom protagonista e o mau antagonista, mas a mocinha (Francis) tinha feito uma escolha que coincidia com a minha: Patrick Swayze. Este ator, cuja notícia de morte ouvi no rádio um pouco antes de sair de casa, protagonizou estes dois filmes. Houve uma época que eu não aguentava mais ouvir a música tema de Ghost, de tando que fora executada nas rádios.

A trilha sonora de Dirty Dance é magnífica e eu a escuto até hoje: já foi utilizada em vários comerciais diferentes e é constituída de clássicos anteriores ao filme. Fazem parte desta maravilhosa trilha sonora duas músicas que, ao que me parece, são contemporâneas ao filme, que é uma produção de 1987. A primeira, cantada por uma dupla (Bill Medley e Jennifer Warnes), é a cara da história: (I've Had) The Time Of My Life. A segunda, criada e cantada pelo próprio Patrick Swayze, fez a função de tema romântico: She's Like The Wind.

"Dirty Dancing" é o típico filme sessão da tarde. Recentemente comprei uma versão especial que inclui uns extras interessantes. O detalhe é que o DVD é frente e verso, como os antigos LP. Todavia, na minha história pessoal este filme é de suma importância. Foi a terceira vez que eu entrei num cinema e a primeira vez que eu entrei sozinho.

A linguagem do cinema chegou tarde à minha vida: aos 14 anos assistindo "Inimigo Meu", um sucesso de ficção científica escolhido pelo meu irmão mais velho, protagonizado, se bem me lembro, por Dennis Quaid. Assustei-me um pouco, pois nunca havia visto uma tela tão grande, numa sala tão grande (mais de 1.000 lugares), com um teto tão alto e um volume de som ensurdecedor para os meus padrões daquela época (estávamos no antigo Cine Marabá, hoje totalmente reformado e dividido em 5 modernas salas).

Meses depois, no calorento janeiro de 1989, numa tarde, após sair do meu trabalho de 4 horas no Banco do Brasil e sem nada para fazer com toda a liberdade que o trabalho recém me concedera, resolvi ir ao cinema. Assim, sem escolhas prévias, entre no Cine Gemini. Não foram necessários mais do que 5 minutos para que eu fosse transportado aos Estados Unidos ali dos anos 1950-1960, para dentro de uma colônia de férias bem familiar. A protagonista era uma moça saindo da adolescência (como eu) e nós dois nos apaixonamos pelo personagem de Patrick Swayze: um dançarino muito desenvolto que arrancava suspiros da platéia.

Havia os outros rapazes no filme. Um deles, muito bonitinho, inclusive, não valia grande coisa: enganava todo mundo com o jeito de estudioso e fora, na verdade, e estava envolvido no grande nó dramático da história -- uma gravidez que redundaria num aborto mal sucedido.

Era janeiro, dali a pouco eu completaria 15 anos e ainda não sabia que era-me possível apaixonar-me por um cara. O mesmo cara que, 20 anos depois, morreria em virtude de um câncer no pâncreas.

A vida e seus meandros.

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